Em meio a pandemia, em 2020, três alunas toparam fazer um curso intensivo de Interpretação no Contexto Cristão comigo, aprenderam estratégias de tradução, se aprofundaram na Libras, tiveram práticas de tradução direta e indireta e o resultado foi uma equipe com uma base forte!
Não sou do tipo que oferece cursos para formar intérpretes em 6 meses ou “aprenda Libras em 3 meses”, não! Jamais!
Veja bem, eu passei por uma situação um tanto desafiadora. Quando ingressei na CAL (Comunidade Apostólica Livre), não havia equipe preparada para a interpretação de Libras, não havia apoio para suprir a necessidade de revezamentos.
Eu precisei ser ágil, já que eu queria implantar o ministério de Libras na igreja, precisaria ser com qualidade e claro, o mais rápido que eu conseguisse, porque eu não poderia deixar que meus esforços se esgotassem e eu abandonasse o barco logo no começo da navegação.
Essas três aluna estavam estudando Libras, duas delas estavam finalizando o Curso Básico comigo (que considero intermediário, porque é bastante prático) fiquei durante pelo menos um ano trabalhando sem parar, de forma voluntária, interpretando (muitas vezes sem apoio), ensinando a elas tudo o que eu sabia sobre traduzir e interpretar, elas praticaram muito e sei que continuam praticando para melhorar o que se propuseram a fazer.
Quando elas iniciaram na interpretação, elas não sabiam só o básico, elas tiveram um conhecimento aprofundado e práticas semanais presenciais e outras que elas precisavam se gravar fazendo Libras. Elas tiveram contato com surdos (alguns que visitavam a igreja, outros que eu convidava para participar das aulas do curso). Foi um processo que dura até hoje, e começou assim:
O antes: elas se preparavam. As partes do culto que recebíamos com bastante antecedência, elas criavam um esboço de tradução, me enviavam, eu corrigia, fazia as observações necessárias e reenviava. Elas foram estudando e recebendo meu acompanhamento de pertinho.
O durante: tinham o meu apoio. Qualquer momento de travamento que eu percebia, rapidamente eu sinalizava para que elas me copiassem e dessem prosseguimento a interpretação sozinhas quando se sentissem confortáveis.
O depois: elas recebiam todo um feedback e orientação do que interpretaram durante o culto e elas me passavam sobre a experiência que tiveram e dificuldades e íamos trabalhando cada uma delas durante as aulas.
Com o passar do tempo, quando eu percebia que já estavam mais acomodadas em interpretar um mesmo assunto ou parte do culto, eu as tirava da zona de conforto e avançava para uma parte do culto que exigisse mais delas.
Hoje, 2022, elas são meu apoio, são minha equipe de interpretação na igreja, há uma escala onde cada uma tem dias de folga, inclusive eu. Não interpretamos culto apenas no domingo, também interpretamos nas quintas-feiras. Elas interpretam louvores, mensagens, estudos bíblicos e não apenas partes do culto que recebemos o esboço, também interpretam sem esboço, desde que se sintam preparadas e confiantes para isso.
No canal da igreja no YouTube, vocês conseguem ver desde o início quando iniciamos de forma remota, devido a pandemia, e até hoje. Se compararmos o antes e o depois, vocês vão ver um progresso tanto em questão de filmagem como em questão de interpretação.
Gravávamos com celular, tripé e chroma key improvisados, iluminação ambiente, e agora já temos iluminação adequada, tripé e até uma webcam que a igreja providenciou, mas ainda temos um espaço limitado e equipamentos novos para adquirir. Houve muitas falhas, mas muito aprendizado.
Concluo, respondendo a questão do título deste artigo “como ser um intérprete de Libras na igreja?”. Faça parte de uma equipe! Se necessário crie uma equipe! Estude Libras sem cessar! Não abandone o barco a menos que ele tenha um capitão para continuar navegando.
Conheça o Curso Libras Ministerial e seja um intérprete de Libras na sua igreja!